Jornada Contra Remoções – 22 comunidades se unem contra ameaças no Rio de Janeiro

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Mais de 50 mil famílias podem ficar sem casas no Rio de Janeiro, de acordo com os planos do prefeito Marcelo Crivella. A proposta, que atinge moradores de bairros pobres e favelas de toda a cidade, viola diretamente o direito à moradia, sendo apresentada sem qualquer diálogo com as famílias atingidas ou discussão de alternativas. Por isso, 22 comunidades atingidas, com apoio de movimentos e organizações, realizam a «Jornada de Lutas Contras as Remoções», que acontecerá durante todo o mês de dezembro, se iniciando com uma caminhada em direção à casa do prefeito, no dia 1º, sexta-feira, às 15 horas.

A programação da jornada, que ainda vai se ampliar, inclui também o «Ocupa Palácio da Cidade», onde as famílias ameaçadas vão protestar em frente a um dos locais de trabalho de Crivella, em Botafogo, e a «Ceia dos Pobres», na qual as comunidades farão um almoço natalino na porta da prefeitura, na Cidade Nova.

Em manifesto contra as remoções, as comunidades denunciam o Plano Estratégico 2017-2020, lançado pelo governo de Marcelo Crivella em julho de 2017, que prevê a remoção de mais de 14 mil famílias de baixa renda que residem no entorno do Parque Nacional da Tijuca. Na Comunidade de Rio das Pedras, cerca de 140 mil pessoas estão ameaçadas por uma parceria público privada que prevê a verticalização da região, com a construção de 35 mil apartamentos.

Publicamente, Marcelo Crivella disse que não levará em frente o plano de verticalização do Rio das Pedras, porém ainda não ofereceu nenhuma garantia aos moradores da comunidade. Além disso, ele afirmou que apresentará uma nova proposta para Rio das Pedras, sendo que, novamente, sem qualquer consulta aos moradores.

Araçatiba, em Barra de Guaratiba, está sob o risco eminente de remoção por ação movida pelo Exército com apoio da Prefeitura e do INEA. A comunidade tem 100 famílias, sendo que 50 casas estão sob risco iminente de demolição. Na Rádio Sonda, algumas moradias foram demolidas por ação da Aeronáutica, onde viviam idosos oriundos de famílias de ex-servidores civis. Também pairam ameaças de novos despejos nas comunidades do Cantão (Vila Juaniza) e Tubiacanga. Na Lagoinha, a Aeronáutica construiu um muro altíssimo que isolou, segregou espacialmente de forma arbitrária e violenta, as residências locais de sua vizinhança, criando restrições e violação ao livre direito de ir e vir. Atualmente, 15 famílias que moram a 70 anos na Estrada dos Maracajás encontram–se notificadas pela Justiça Federal, também por perseguição da Aeronáutica, para saírem e demolirem suas próprias casas no prazo de 30 dias.

No Horto, 581 famílias residentes há mais de 200 anos estão sob o risco de remoção pelo Jardim Botânico sem que qualquer alternativa de moradia seja apresentada aos seus moradores. Próximo dali, na Vila Hípica, localizada no Parque Nacional da Tijuca, famílias de antigos trabalhadores da Sociedade Hípica Brasileira e, posteriormente, funcionários do Parque, estão há três anos sem luz, uma forma perversa e sorrateira de ‘remoção branca’.

01/12: OCUPA PENÍNSULA
Ato em frente à casa do Prefeito Marcelo Crivella. Concentração às 15 horas, no Shopping Via Parque

08/12: OCUPA PALÁCIO DA CIDADE
Ato em frente a um dos locais de trabalho do prefeito. Concentração às 9h30m, na praça em frente ao Morro Santa Marta, em Botafogo

15/12: OCUPA PREFEITURA: CEIA DOS POBRES
Almoço natalino das comunidades em frente à sede da Prefeitura, na Cidade Nova. Concentração: às 9h30m