Pau D’Arco: maior chacina desde Carajás desnuda a violência no campo brasileiro

A Chacina de Pau D´Arco completa uma semana nesta quarta-feira, e entra para a história como um dos massacres mais brutais ocorridos no campo brasileiro. Onze anos após Eldorado dos Carajás, a violenta ação da polícia paraense para cumprir mandados judiciais deixou dez trabalhadores rurais mortos, nove homens e uma mulher. Pelo menos 14 pessoas foram feridas; ainda há pelo menos três desaparecidos e duas pessoas hospitalizadas.

 

Em depoimento ao Ministério Público do Estado, sobreviventes do massacre relataram como se deram as execuções praticadas pela polícia. Em um dos depoimentos, a testemunha relata que enquanto rastejava, escutou os policiais dizendo a uma das vítimas: »olha o que a gente faz com bandido». Deu, sem seguida, mais um disparo. Os sobreviventes afirmaram ainda que não houve qualquer reação dos trabalhadores rurais ao ataque da polícia. Chegaram também a relatar agressões físicas e risadas dos policiais, e só escaparam porque conseguiram fugir para uma mata próxima.
Os trabalhadores rurais estavam acampados próximos à Fazenda Santa Lúcia, município de Pau D’Arco, sudeste do estado, por eles ocupadas até recente reintegração de posse. A terra seria supostamente propriedade de uma conhecida família de grileiros, que controla irregularmente milhares de hectares na região.

 

Os cinco primeiros meses de 2017 já constam como os mais violentos do século, com 37 mortos no campo, segundo dados da CPT (Comissão Pastoral da Terra). A chacina em Pau D´Arco é a maior desde o massacre em Eldorado dos Carajás, em 1996, quando 21 trabalhadores rurais foram mortos. A chacina também é o segundo ato de execução em massa do ano de 2017 – em abril, nove trabalhadores rurais foram assassinados em Colniza, no Mato Grosso.

 

Mas a barbárie cometida pela polícia do Pará ainda gerou manifestações de apoio. Parlamentares ligados à corporação organizaram atos de apoio aos policiais que foram afastados, mesmo após o levantamento de diversas provas de execução. Movimentos sociais e organizações de direitos humanos manifestaram-se publicamente contra estes atos, que consistem em verdadeiras intimidações ao prosseguimento das investigações, e fragiliza ainda mais a situação de vulnerabilidade dos trabalhadores sobreviventes ao massacre

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