

O encontro em Buenos Aires em setembro reuniu lideranças para analisar desafios regionais e traçar estratégias comuns de atuação.
Um cenário de policrises globais, a expansão da extrema-direita e a restrição acelerada do espaço cívico. Esses foram alguns dos urgentes desafios que mobilizaram mais de 30 organizações históricas de direitos humanos da América Latina para um encontro em Buenos Aires, nos dias 3, 4 e 5 de setembro. O “Encontro Regional Urgente sobre Direitos Humanos” foi convocado e organizado pelo Centro de Estudios Legales y Sociales (CELS) da Argentina, pela Conectas Direitos Humanos (Brasil) e pelo DeJusticia (Colômbia).
A reunião baseou-se em amplo processo preparatório que incluiu dois webinários com dezenas de especialistas e contou com a presença de representantes de diversas entidades da região, incluindo a Justiça Global, representada por sua cofundadora e coordenadora do programa de proteção a defensores, Sandra Carvalho.
Para a socióloga, o momento exige união e análise aprofundada. “O encontro sinalizou os desafios frente à expansão da extrema-direita no mundo e suas consequências para a região da América Latina”, afirmou Sandra.
Contexto e estratégias
O evento deu continuidade a um debate iniciado em um webinar em julho. O diagnóstico compartilhado apontou para uma conjuntura complexa, marcada por crises sistêmicas interconectadas — climática, econômica e do multilateralismo —, o enfraquecimento das democracias e a transformação digital controlada por grandes corporações.
Na América Latina, esses fenômenos se manifestam na perda de coordenação regional, na crescente influência de atores externos que desconsideram padrões de direitos e na aprovação de leis que restringem o trabalho da sociedade civil.
Internamente, o movimento também debateu sua própria crise de legitimidade e de financiamento, que gera competição e fragiliza agendas históricas. A necessidade de se reconectar com as bases sociais e de inovar na comunicação para combater a desinformação foram pontos centrais.
Saídas em perspectiva
Entre as estratégias consensuais está a urgência de um exercício de autocrítica para reposicionar o movimento, recuperando sua voz autônoma e crítica. O encontro reforçou o compromisso com a construção coletiva e a coordenação contínua, visando articular ações futuras que fortaleçam a capacidade de resposta transformadora do movimento de direitos humanos diante das rápidas mudanças globais.
Em demonstração de força coletiva e compromisso com a causa, o Encontro Regional Urgente sobre Direitos Humanos reuniu um grupo diversificado de organizações de destaque da América Latina e globais.
Estiveram presentes representantes de Justiça Global (Brasil), Centro de Estudios Legales y Sociales (CELS – Argentina), Conectas Direitos Humanos (Brasil), Dejusticia (Colômbia), Proyecto de Derechos Económicos, Sociales y Culturales (PRODESC – México), Women’s Equality Center (WEC), Fundación Friedrich Ebert (FES), Washington Office on Latin America (WOLA), Global Initiative for Economic, Social and Cultural Rights (GI-ESCR), Observatorio Ciudadano (Chile), Coordinadora Nacional de Derechos Humanos (CNDDHH – Perú), e Red Regional de Derechos Humanos y Democracia (REDDLAC), entre outras, consolidando um espaço plural e estratégico para a defesa de direitos na região.
Crédito da capa: Memorial da América Latina/Divulgacão.
Resumo
Em resposta policrises globais, a expansão da extrema-direita e a restrição acelerada do espaço cívico, organizações históricas de direitos humanos reuniram-se em Buenos Aires em setembro para o “Encontro Regional Urgente”. Convocado por CELS (ARG), Conectas (BRA) e Dejusticia (COL), o evento debateu estratégias contra as policrises globais, a restrição de leis antiongues e a crise de financiamento. Lideranças de PRODESC (MEX), WOLA, GI-ESCR, Justiça Global (BRA) e outras analisaram a necessidade de autocrítica, inovação em comunicação e construção de alianças para reconectar o movimento com as bases sociais e enfrentar coletivamente os desafios democráticos atuais.