O Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH) publicou nesta terça-feira (29) uma nota pública em que repudia a operação policial realizada em 28 de outubro nos Complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. A ação, chamada pelo governo estadual de “Operação Contenção”, resultou em mais de 120 mortos — tornando-se a mais letal da história do estado.
Na avaliação do Comitê, o episódio representa mais um capítulo do genocídio da população negra e favelada. Trata-se, segundo o texto, de “uma opção pela morte, um modelo que transforma comunidades inteiras em zonas de guerra, deflagra ataques sistemáticos e extrapola os parâmetros de legalidade, proporcionalidade e respeito aos direitos humanos”, uma lógica comparada ao genocídio em curso na Faixa de Gaza.
A nota exige perícia independente nos corpos encontrados, investigação pela Polícia Federal, punição aos responsáveis por execuções e desaparecimentos e reparação integral às famílias das vítimas. O Comitê também cobra ação imediata do Ministério da Justiça e do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
Durante a operação, escolas e postos de saúde foram fechados, e o transporte público paralisado, deixando a população cercada pelo terror. Moradores precisaram resgatar sozinhos corpos de familiares com marcas de execução, como tiros na nuca e facadas.
O documento também denuncia tentativas de criminalizar defensoras e defensores de direitos humanos, visando deslegitimar o trabalho de proteção à vida e à dignidade humana.
A nota é assinada por 45 organizações e movimentos sociais que integram o Comitê e reafirmam o compromisso com a defesa da vida e dos direitos humanos.
“Não há justificativa possível para que o Estado siga tratando a morte como política pública”, afirma o texto.
Leia a nota na íntegra: Acesse aqui.