Nota pública sobre a invasão do Exército na Rocinha

É com extrema preocupação que a Justiça Global acompanha a invasão da Rocinha pelo Exército desde a tarde desta sexta-feira. A escalada da militarização nas favelas da cidade do Rio de Janeiro não pode ser levianamente tomada como solução para os confrontos entre facções. Operações como esta são fruto de uma política genocida de guerra às drogas, que viola direitos de moradores das favelas e vitima sobretudo jovens negros sob a justificativa da retomada do controle territorial supostamente perdido. A lógica real da perpetuação desta política, entretanto, tem raízes muito mais profundas, que envolvem o lucrativo mercado ilegal de armas e drogas e a corrupção de agentes do Estado. O caminho do desmonte desta perversa política de genocídio não se fará senão pela reversão do proibicionismo como medida primeira.

Fernando Frazão / Agência Brasil
Militares estão na Rocinha

A invasão do Exército à Rocinha foi transmitida ao vivo durante toda a tarde pelas redes de televisão aberta, uma espetacularização da tragédia que acompanha a saga dos megaeventos na cidade. Impossível não lembrar da entrada do Exército nos Complexos do Alemão e da Penha, em 2010, uma operação militar de grandes proporções transmitida em rede nacional. Há exatos 10 anos, quando da realização dos Jogos Panamericanos, o mesmo Complexo do Alemão viveria um de seus episódios mais trágicos – a Chacina do Pan, quando 19 pessoas foram assassinadas pelas forças policiais em um único dia. A chegada do Exército à Rocinha segue a mesma lógica de operação, no momento em que a cidade recebe mais um megaevento – o Rock In Rio.

Neste momento de tamanha insegurança e risco, a Justiça Global se solidariza com as moradoras e moradores da Rocinha, e acompanha atentamente o desenrolar da operação, em mais um inaceitável dia de angústia e medo nesta e em outras favelas da cidade.

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