CBDDH publica nota de solidariedade ao povo Avá-Guarani

Um jovem indígena Avá Guarani de 21 anos, filho do cacique do Tekoha Yvyju Awary, foi assassinado e decapitado no último sábado (12), na cidade de Guaíra, no oeste do Paraná. Ao lado de seu corpo, foi encontrada uma carta com ameaças às comunidades indígenas que lutam pela retomada de seus territórios na região.

Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH)

O Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH), articulação política composta por 45 organizações da sociedade civil, vêm a público manifestar profundo pesar e solidariedade ao povo Avá-Guarani pelo brutal assassinato de mais um indígena Avá-Guarani, na área de retomada indígena no município de Guaíra, oeste do Paraná–PR. A vítima, Everton Lopes Rodrigues, de 21 anos, é filho do cacique Bernardo da Tekoha Yvyju Awary.

De acordo com a Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), o corpo foi encontrado decapitado neste sábado (12/07), em uma estrada rural na entrada da Tekoha Guarani, junto a uma carta com graves ameaças às comunidades indígenas. A Força Nacional foi acionada e está no local para segurança das comunidades.

O CBDDH e o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) atestaram durante a Missão Especial in loco ao território Avá-guarani, realizada entre os dias 23 e 27 de maio, a condição de vulnerabilidade social, negação de direitos, discurso de ódio e racismo contra indígenas devido à tensão dos conflitos de terra nas áreas de retomada dos municípios de Guaíra e Terra Roxa.

A missão teve o objetivo de ouvir as comunidades e testemunhos sobre as violações de direitos ocorridas nos territórios, a fim de denunciá-las aos órgãos competentes e estabelecer uma agenda de mobilização e recomendações, que ajude a frear as violações de direitos humanos e violências física e psicológica.

A aldeia Tekoha Yvyju Awary está localizada na Terra Indígena (TI) Guasu Guavirá que está sobreposta por 165 fazendas. A demarcação das terras dos Avá-guaranis é um tema central para a garantia do acesso a todos os demais direitos e esta é uma questão estrutural.

Também é central para a garantia de proteção integral e coletiva para defensoras e defensores de direitos humanos indígenas a efetivação dos termos do acordo firmado entre os Avá-Guarani do Oeste do Paraná e Itaipu Binacional, a Fundação Nacional do Índio (Funai), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e Ministério de Povos Indígenas.

O termo estabelece a aquisição emergencial de 3 mil hectares de terras no oeste do Paraná como forma de reparação pelos danos causados durante a construção da Hidrelétrica de Itaipu e como enfrentamento às graves violações que sofre sistematicamente o povo Avá-Guarani.

Sendo assim, o Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos, vem à público expressar sua consternação diante de mais um episódio de brutal violência, assim como nossa solidariedade ao povo Avá-Guarani.

O CBDDH também requer à Polícia Federal a mais célere investigação deste e dos demais crimes perpetrados contra o povo Avá-Guarani e responsabilização dos violadores. Também requer diligente efetivação do acordo, anteriormente mencionado, para compra de 3 mil hectares de terras de maneira emergencial a demarcação das terras indígenas do Povo Avá-Guarani e a garantia de proteção integral de todo o povo Avá-Guarani.

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