A Justiça Global organizou entre 28 e 30 de outubro o encontro “Saberes, experiências e ferramentas para o trabalho em espaços de realocação de pessoas defensoras de direitos humanos na América Latina”. O evento foi fruto de uma parceria com a Fundación Acceso, além do apoio da Protect Defenders.
O evento nasceu com o objetivo de promover uma troca de experiências e a construção de saberes no acompanhamento de pessoas defensoras a partir de programas de realocação temporária para proteção, acolhimento e recuperação na América Latina, buscando fortalecer a compreensão coletiva sobre os desafios e as melhores práticas no acompanhamento dessas pessoas, assegurando que esses programas sejam mais eficazes, inclusivos e sustentáveis.
Com a presença de organizações de todo o continente, os três dias foram cheios de atividades de interação, compartilhamento de casos, formatos, problemas e soluções para este tipo de ação de proteção, geralmente utilizada em casos de extrema necessidade para a pessoa defensora.
Para Daniele Duarte, diretora-adjunta da Justiça Global, há uma urgência em espaços de realocação dentro do Brasil:
“O contexto latino-americano continua violento (para pessoas defensoras) e temos poucos espaços como esse na América Latina. Então termos outros espaços como o Centro de Proteção Integral (CEPI), em que se tem a troca cultural e idiomática entre defensoras/es é essencial nesse momento”, afirmou.
Já para Ignácio Gómez, da Fundación Acceso, é essencial fortalecer as realocações no continente:
“A realocação temporária na América Latina é fundamental para reduzir os impactos que esse movimento traz. Estar realocado no mesmo continente, com vínculos culturais semelhantes e entre pessoas que enfrentam os mesmos desafios, é fundamental. E também é essencial o fortalecimento mútuo entre as organizações que enfrentam esses desafios em comum”, disse.
Javier Roura Blanco, da Protect Defenders, lembrou a necessidade de respostas rápidas em situações emergenciais para tratar da importância desses espaços:
“É importante criar espaços de realocação temporária na América Latina se dá sobretudo por precisarmos de respostas ao contexto (da proteção de defensoras/es no continente). São necessárias soluções que permitam respostas rápidas, flexíveis, emergenciais, sem abandonar a continuidade dos trabalhos ,se a pessoa defensora assim quiser, ou a conexão com a comunidade”.
Saiba mais sobre o Cepi
O Cepi é um projeto da Justiça Global que oferece realocação temporária e abrigo para defensores/as de direitos humanos que trabalham na América Latina e estão em situação de risco de vida, emergência ou estresse extremo devido ao seu trabalho político. Seu objetivo é proporcionar um espaço seguro e confortável para que essas pessoas possam se proteger, se recuperar, planejar seus próximos passos e continuar a atuar.
Por que o Cepi é importante?
Defensoras e defensores de direitos humanos são alvos frequentes de perseguição, ameaças e violência por lutarem por justiça social, ambiental e democrática. Criar redes de proteção reais e eficazes é essencial para garantir que essas vozes continuem ecoando — e resistindo. A própria Declaração das Nações Unidas sobre Defensoras e Defensores de Direitos Humanos, de 1998, reforça que a promoção e a proteção dos direitos humanos são responsabilidades compartilhadas entre indivíduos, comunidades, organizações e o Estado.