

A Justiça Global é uma das organizações que compõem a rede. O pedido foi apresentado pela deputada Duda Salabert (PDT-MG ) após revelações, em operação da Polícia Federal, de esquema bilionário envolvendo agentes públicos e empresas de mineração em Minas Gerais.
A Aliança pela Volta Grande do Xingu entregou uma carta para parlamentares federais pedindo que assinem o requerimento protocolado pela deputada Duda Salabert (PDT-MG) para a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Mineração. O pedido foi apresentado em 17 de setembro após a deflagração da Operação Rejeito, da Polícia Federal, que desmontou um esquema bilionário de corrupção em Minas Gerais e escancarou a captura de órgãos públicos por interesses privados. São necessárias 171 assinaturas para que a CPI seja instalada.
“O Brasil tem sido marcado por uma sucessão de tragédias da mineração predatória. De Mariana a Brumadinho, de Maceió a tantos outros casos silenciados, a história recente do país revela o mesmo roteiro de horror: vidas ceifadas, rios transformados em corredores de lama tóxica, comunidades soterradas sob a lógica da impunidade e da conivência entre empresas e o poder público. Esses episódios não podem ser tratados como acidentes, são crimes anunciados, frutos da captura do Estado por interesses privados e da negligência crônica de órgãos que deveriam proteger a população e o meio ambiente”, diz a carta.
A Aliança pela Volta Grande do Xingu é uma rede que reúne movimentos sociais, comunidades tradicionais, pesquisadores e organizações da sociedade civil comprometidas com a defesa da Amazônia e que se mobiliza em defesa dos povos e dos territórios frente ao avanço da mineradora canadense Belo Sun sobre a Volta Grande do Xingu, no Pará. O projeto ameaça diretamente terras indígenas, comunidades ribeirinhas e a maior biodiversidade aquática da Amazônia. Sua licença está suspensa desde 2017 por ordem judicial, devido às falhas e irregularidades no processo de consulta aos povos indígenas da região.
“Da Serra do Curral em Minas Gerais à Volta Grande do Xingu no Pará, o que se vê é um mesmo padrão de captura regulatória, fraude em licenciamento, intimidação de comunidades e desprezo pela vida. Ou seja, as denúncias reveladas pela Operação Rejeito comprovam que corrupção, fraude em licenciamento e esquemas criminosos permeiam o setor minerário”, continua o texto.
Na carta, as organizações destacam que não se trata “apenas de apurar responsabilidades passadas, mas de evitar que novas tragédias se repitam” e reiteram: “a mineração no Brasil, como está estruturada, representa uma ameaça real à democracia, à justiça social e à proteção constitucional das terras indígenas e dos bens comuns. Não é possível falar em desenvolvimento quando a conta é paga com rios mortos, aldeias deslocadas e famílias inteiras soterradas pela lama”.
Leia na íntegra em: voltagrandexingu.org.br